PROJETOS FOTOGRÁFICOS: LIBERTINE

ARTIGOS | 30/05/2017

Em meados de 2009, o fotógrafo Neto Macedo, de Montes Claros – MG, começou fotografar nu como sua beleza real. A certeza de que fotografar nu era o estilo que queria foi quando conversando com um fotógrafo Gray Agent disse que para ele não era fotógrafo e que ele fotografava por hobbie e despertou no Neto que fotografar nu pode ser acessível em qualquer lugar.

“Achei que se fotografasse essas meninas carregando uma bandeira que eu acreditava e que elas acreditavam também” disse Neto sobre como foi a ideia de conseguir modelos para o projeto. Com o amadurecimento natural do processo, os termos “beleza real” ou “beleza natural” foram deixados de lado e Neto começou a passar a mensagem de “dessexualização do corpo” e o corpo como uma forma natural independente de biotipo

“Passei a acreditar mais em mostrar no corpo seja ele qual for e, principalmente, mostrar sua beleza de uma maneira atemporal e não-sexual como talvez podemos sentir ao ver uma estátua esculpida na antiguidade grega” conta Neto como foi esse processo de amadurecimento.

O fotógrafo encerrou o projeto por achar que já cumpriu o papel dele de propagar a ideia de uma beleza mais à vontade consigo mesma e a publicação na revista Playboy, foi a prova disso pois o material foi publicado sem exigir nenhuma mudança para se adequar a linha editorial da revista.

Mas retomando (um pouco) o projeto, de acordo que o trabalho ia fluindo, Neto ia atrás de novos equipamentos para ajudar a alcançar o que desejava, ele descobriu as câmeras de médio formato analógicas.

Em 2011, lhe emprestaram uma Zenit 12XP mas não tinha despertado interesse. Tempos depois, Neto começou a pesquisar sobre novos formatos de câmera e descobri vantagens nos sensores de médio formato para suprir a necessidade de ter profundidade de campo rasa com distâncias focais próximas ao grande angular.

A primeira câmera que Neto pegou para trabalhar de fato foi na Mamiya 645PRO que encontrou com uma objetiva 55mm f/2.8 (ângulo de visão similar a 35mm no formato 135 – full frame). “Me apaixonei na hora pelo fato da câmera ser completamente modular e oferecer profundidades de campo rasas mesmo em aberturas conservadoras” explica Neto.

Ao ir para analógicas, encontrou alguns percalços no caminho como descobrir que na cidade dele não havia nenhum laboratório apto a revelar filmes 120, não existir o filme à venda na cidade ou até mesmo achar algum lugar que pudesse digitalizar filmes de médio formato.

Com isso, ele descobriu como fazia revelação de negativos em P&B e que era razoavelmente fácil de fazer dentro de casa sem a necessidade de uma sala escura. Comprou tudo pela internet e foi fazendo testes até acertar.

Só que as coisas estavam só começando e comprar o químico estava ficando caro e muitas vezes estarem fora de estoque. Então começou a fabricar em casa e aos poucos foi aprimorando até ficar completamente independente na revelação dos filmes.

Para Neto, as vantagens de ser fotografar em analógicas são:
– quando você quer muito entender fotometria a fundo e nunca mais errar uma foto por erro de exposição
– quando você quer treinar sua habilidade de acertar de primeira o clique no meio de um movimento rápido.
– se você quer se forçar a pensar mais nas imagens que está fazendo e gastar menos cliques.

E ai? Animou tentar ir para o analógico?

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Texto: Debora Agostini

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