PROJETOS FOTOGRÁFICOS: 100 RETRATOS

ARTIGOS | 07/04/2017

Geraldo Fonseca, 40, mineiro, costuma intitular-se como um médico apaixonado por fotografia, que nas horas vagas fotografa amigos e familiares, onde a pessoa possa ser quem ela quiser.

Há em torno dois anos comprou uma 7D e resolveu fazer um curso para aprender a usá-la. Nesse curso a professora sugeriu que os alunos criassem um projeto fotográfico para praticar, depois de pensar no que focar resolveu fazer retratos.  “Talvez pela medicina, gosto muito de pessoas, acabei escolhendo retratos”. 

“Aos poucos fui elaborando mais os conceitos, mas sempre com uma linha central que é contar uma história em cada retrato. Nessa brincadeira transformei um quarto de hóspedes e a sala do meu apartamento em estúdio, com fundo infinito e softboxes.”

O que ele gosta é que a maioria de seus retratos, as pessoas não são modelos, são pessoas que nunca posaram para um ensaio antes e vivem um dia de artista. O Geraldo já fotografou médicos, advogados, donas de casa, juízas, professoras, motoristas. “O que era para ser 100 retratos acabou virando uma trilogia, rs. Que o número já passa de 230”.

Ele se diz fotografo amador, no entanto o que mais consome a mente dele hoje em dia é a fotografia. Geraldo passa o dia pensando nos próximos retratos. “Olho o povo na rua e fico imaginando um retrato que faria.”

“No começo, eu convidava as pessoas então já tinha uma ideia do que queria fazer, pois eram pessoas que eu conhecia, com o tempo outras pessoas passaram a me procurar.”

Ele conta que o processo para a fotografia sempre começa com uma conversa, conversa com a pessoas sobre as coisas que gostam, o que ela já quis ser na vida, algum personagem que ela admira, a partir daí elabora uma ideia, as vezes o foco é apenas o sorriso ou os olhos, outras vezes é a profissão da pessoa, como uma advogada que ele transformou em estátua da justiça. Quando a ideia fica definida, ele faz a produção, vai atrás de roupa, acessórios. Ele contou que já jogou massa de tomate na sala de casa, para fazer a foto de um cozinheiro, já alugou uma máquina de algodão doce pra fazer uma peruca. Teve vezes em que a ideia planejada não deu certo e no meio da sessão criou algo que não estava planejado.

“Acho que fotografia é assim mesmo, muito improviso e inspiração.” 

São muitas histórias que o Geraldo conhece a partir da conversa e dos retratos. “Muitas pessoas que já fotografei se realizou através do projeto e veio me dizer que passou a se achar bonito(a) depois das fotos que fez comigo. Isso me deixa muito feliz até por que não fazia parte do plano, rs.”

Dos mais de 230 retratos, ele contou a história de alguns: 

“Esse é o retrato da minha mãe, a pessoa mais alegre que conheço. Pedi a ela para sorrir para a foto e ela começou a gargalhar. Perguntei por que ela estava rindo tanto e ela disse que era engraçado ser obrigada a rir, simples assim…”

“Comecei o retrato do Gabriel com a inspiração em Crossfit. Coloquei uma plataforma com pó de magnésio e pedi que ele pulasse sobre ela, para criar o efeito da poeira subindo. Quando terminamos a foto, ele se sentou na escada para descansar, e naturalmente, fez a pose com a mão no queixo e sugeriu: porque não fazemos a estátua do Pensador Rodin? Gostei da ideia e me virei para o computador para pesquisar pela imagem quando me virei, o Gabriel já estava sem roupa, sem frescura ou cerimônia.”

“Esse retrato foi o caminho inverso: primeiro tive a ideia – um anjo com asas desenhadas de giz na parede – e depois encontrei o modelo. Precisava de um homem que tivesse um rosto angelical, mas ao mesmo tempo, fosse forte, marcante. Conheci o Adrian no caixa de uma loja de roupas, e após encontrá-lo nas redes sociais, convidei e ele não só topou como se tornou um bom amigo. Depois fui descobrir que ele já era modelo e já tinha até desfilado no SPFW.”