Retratos com estética botânica se multiplicam, refletindo desejo coletivo por imagens mais suaves e conectadas à natureza
Elas aparecem entre os cabelos, nas mãos, no fundo da imagem ou até preenchendo todo o quadro. As flores têm ocupado cada vez mais espaço nos ensaios fotográficos contemporâneos, seja em produções profissionais ou em cliques espontâneos. A tendência, que valoriza elementos naturais e remete a uma estética botânica, ganhou força nos últimos anos, especialmente nas redes sociais.
O Pinterest, conhecido por antecipar movimentos visuais, identificou em seu relatório anual Pinterest Predicts 2022 um crescimento expressivo na busca por referências florais. Segundo o estudo, a procura por termos como “ensaios com flores” e “floral photography ideas” aumentou mais de 200% entre usuários da América Latina.
A plataforma baseia suas previsões em análises de comportamento e volume de pesquisas feitas ao longo do ano anterior, cruzando dados de milhões de usuários globalmente.
Outro levantamento, desta vez realizado pela Getty Images, em parceria com a Visual GPS, de 2021, apontou que 81% dos consumidores ao redor do mundo preferem imagens que transmitam calma e bem-estar.
O estudo, feito com mais de 10 mil participantes em 26 países, identificou que elementos naturais – como flores, folhas e ambientes ao ar livre – são percebidos como visualmente terapêuticos. Em um mundo saturado por estímulos digitais, a natureza passou a ser, também, uma linguagem de apaziguamento.
Na prática, isso se reflete em ensaios fotográficos cada vez mais voltados para o sensorial. Flores se tornaram um recurso estético poderoso: versáteis, acessíveis e carregadas de simbolismo. Elas ajudam a construir climas diversos – de romantismo a introspecção – e funcionam bem tanto em retratos minimalistas quanto em produções maximalistas e editoriais.
Essa preferência também tem sido reforçada por conteúdos sobre fotografia com celulares, como os produzidos por fabricantes de tecnologia. Em 2021, a Apple apresentou dicas específicas para capturar flores com o modelo iPhone 12 Pro, explorando recursos como profundidade de campo e luz natural. O movimento contribuiu para democratizar a produção de imagens com apelo profissional.
Além da câmera, outro fator essencial é o acesso às flores em si. Para quem busca composições autênticas, uma visita a uma floricultura em São Paulo, por exemplo, pode render não só novas inspirações, mas também materiais ricos em cor, textura e variações de espécie.
Ao fugir das flores artificiais ou das montagens digitais, o fotógrafo encontra ali possibilidades criativas que dialogam diretamente com o real – algo cada vez mais valorizado em tempos de filtros excessivos.
A ideia é ser mais que uma tendência visual, mas uma linguagem emocional. Em um cenário no qual as imagens precisam transmitir mais do que estética, as flores surgem como símbolo de pausa, de cuidado e de conexão com algo que nos escapa entre telas e notificações.
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Fotografia: LightFieldStudios / iStock
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