VAI DAR ZIKA NA FOTOGRAFIA?

ARTIGOS | 26/02/2016

(tempo de leitura: 3 a 4 minutos)

Um dos fundamentos do marketing é a análise de mercado.

Analisar o mercado significa reunir o máximo de informações possível a respeito de seus clientes, concorrentes, fornecedores, modelos de negócios, práticas comercias, etc. Com essas informações construímos cenários do microambiente. Apesar disso ser essencial para qualquer planejamento de marca ou de produto, é preciso considerar outros elementos que compõem o macroambiente.

O macroambiente é formado por premissas e informações macroeconômicas, tendências tecnológicas, informações regulatórias e legais, políticas sociais, informações educacionais, meio-ambiente e, até mesmo, condições sanitárias e de saúde pública.

Nada pode ser desconsiderado na construção de cenários de mercado: otimistas, realistas, pessimistas, conservadores, ousados…

E no Brasil estamos passando por um período crítico no ambiente macroeconômico que gera impactos em todos os setores da economia. A fotografia está sentindo os efeitos da desaceleração da economia, de um lado com redução do número de clientes e, por outro lado, com a chegada de centenas de entrantes de mercado (aspirantes a fotógrafos) oriundos de outros segmentos da economia que estão sofrendo ainda mais do que a fotografia. Essa massa de profissionais “em busca de novas oportunidades” tende a ser absorvida por outros segmentos, mas todos os segmentos têm os seus limites. Mas o fato é que em momentos de crise, produtos e serviços não-essenciais acusam duramente o golpe.

Porém, neste artigo quero chamar a atenção para um aspecto macroambiental específico: a ameaça do Zika vírus!

Sim, apesar do vírus ser um micro-organismo e o seu vetor, o mosquito Aedes aegypti não ser muito grande também, a questão é macro de verdade! Talvez seja uma das maiores ameaças à saúde pública mundial da história recente da humanidade. Não sabemos que proporções esta epidemia atingirá.

O certo é que é cada vez mais evidente a relação causa-efeito entre a contaminação de gestantes pelo Zika vírus e a microcefalia em seus bebês. Certeza absoluta ainda não há, mas as evidências apontam fortemente para isso.

E qual o impacto disso para os negócios de fotografia?

Mulheres com planos de engravidar no curto prazo começam a considerar o adiamento desse sonho e, com isso, teremos impacto direto para os fotógrafos de família que têm o seu foco basicamente em fotografia de gestantes e de recém-nascidos.

Haverá, durante algum tempo, a redução do tamanho “do bolo” a ser dividido por todos os “jogadores” deste segmento. E aqui não é uma questão de reduzir o tamanho da fatia para que todos usufruam deste bolo menor. O que vai diminuir é o “número de fatias” disponível para todos os convidados desta festa chamada “fotografia de família”.

Se de um lado há o aumento da concorrência gerada pela pressão por baixos preços e pela entrada de novos fotógrafos e do outro lado há a redução do número de clientes (quer seja pela crise econômica e/ou pelo medo do Zika Vírus), a “guerra” pelo cliente promete ficar ainda mais acirrada!

E novamente só quem sabe o que está fazendo é que fará a coisa certa!

E a coisa certa não significa, necessariamente, fazer o que outros que têm sucesso no mercado estão fazendo. Não há receita de bolo e já passou da hora da maioria dos fotógrafos entenderem que a reprodução de modelos vencedores não garante o sucesso de negócios assemelhados!

Compreenda o seu mercado, considere oportunidades e ameaças, desenhe cenários e se prepare para cada um deles, sempre tendo um plano B na manga.

Caso contrário, sim, vai dar Zika na sua fotografia!

Paulo Bettio
Publicitário, Empreendedor e Design Thinker

Comentários

Escreva um comentário antes de enviar

Houve um erro ao enviar comentário, tente novamente

Por favor, digite seu nome
Por favor, digite seu e-mail